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Câncer de intestino já é o segundo de maior incidência entre homens brasileiros

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17/02/2020

 

O Instituto Nacional do Câncer José de Alencar – INCA liberou recentemente as estatísticas de incidência do câncer no país, o que nos permite analisar o sucesso das ações preventivas. Infelizmente, os números não são positivos e demonstram a necessidade de atenção, tanto da população, quanto do Governo.

O maior destaque foi a expectativa de aumento, entre homens, da incidência do tumor de intestino (cólon e reto), que passou a ocupar o segundo lugar com previsão de 20.550 casos por ano, atrás apenas do câncer de próstata: 66 mil casos. Dessa forma, o câncer de intestino ultrapassou o de pulmão, cuja incidência deve ficar em 17.760 casos, pouco menos que os 18.740 de 2018.

Essa inversão é um fenômeno preocupante, resultado de décadas de hábitos nocivos à saúde. À primeira vista, tendemos a explicar os novos dados de forma óbvia, como reflexo da redução do tabagismo no país e consequente queda nas taxas de câncer de pulmão.

De fato, na década de 1970, em torno de 40% da população adulta fumava. Hoje, esse índice está em menos 10%. No entanto, a diminuição do tabagismo não significou uma queda absoluta nas taxas de tumor de pulmão nos últimos anos, então, podemos perceber, que, na verdade, houve um aumento considerável na incidência de câncer de intestino. Isso tem também acontecido em vários países da Europa e nos Estados Unidos, e em indivíduos mais jovens, abaixo dos 55 anos.

Existem várias hipóteses explicativas. Uma delas é a alteração no microbioma, na flora intestinal. Uma flora normal, com bactérias consideradas saudáveis para o intestino, tem uma série de ações positivas de regulação do sistema imunológico e de controle dos processos inflamatórios. Esse funcionamento adequado está ligado a autovigilância do sistema imunológico e anticâncer natural do organismo.

Então, a hipótese é que a alteração da flora intestinal facilitaria o aparecimento do câncer de intestino. Essa mudança no funcionamento normal está relacionada, primeiramente, ao desequilíbrio alimentar. Ou seja, uma alimentação pouco saudável, rica em gordura e proteína animal, alimentos enlatados, embutidos, conservados artificialmente, com excesso de gordura trans, e pobre em frutas, legumes, fibras, peixe etc.

O consumo em excesso de adoçantes artificiais como sacarina, ciclamato, aspartame também vem sendo estudado como possível causa da alteração da flora intestinal. Outra possibilidade muito investigada é o abuso de antibióticos, que foram usados indiscriminadamente para infecções simples e por tempo prolongado, quando não equivocadamente para infecções viróticas ou quadros de alergia. Na década de 1970, houve uma liberação muito grande. Era comum, por exemplo, adolescentes que tinha muita acne usarem antibióticos por longo prazo, para reduzir a incidência dessa afecção de pele. Lógico, os estudos precisam se consolidar para que todas essas hipóteses possam se confirmar. Mas, a tendência é que realmente se confirmem.

Outro ponto preocupante observado nos dados liberados pelo INCA é o aumento progressivo da incidência de câncer no país a cada estimativa, em contraste com países desenvolvidos como Estados Unidos, no qual alguns tipos de tumores diminuíram de incidência e de mortalidade. No Brasil, no biênio 2018-20, a expectativa eram 600 mil casos anuais. Agora, são 625 mil casos.

Não podemos negar que a população está aumentando e isso deve refletir em taxas maiores. Mas, é importante observar também, que, conforme as pessoas envelhecem mais, o câncer proporcionalmente aumenta, porque, em geral é uma doença degenerativa. Quanto mais as pessoas vivem, maiores as chances de desenvolverem câncer.

Além disso, devemos notar que os métodos de diagnóstico melhoraram, permitindo o registro de mais casos. No passado, muitas vezes, as pessoas morriam sem saber que tinham câncer, pois não existiam formas de identificar a doença.

Contudo, entre as explicações possíveis, os maus hábitos de vida devem ser observados com maior atenção. A modernidade cada vez mais nos proporciona uma rotina favorável ao desenvolvimento de inúmeros tipos de câncer. Má alimentação, obesidade, sedentarismo, poluição ambiental e dos alimentos, exposição excessiva a luz solar, o tabagismo e etilismo devem ser amplamente combatidos, visto serem desencadeadores de doenças seríssimas.

Para finalizar, destaco que Minas Gerais segue a tendência nacional de aumento geral da incidência com 67 mil casos previstos por ano. Entre as mulheres, mama ocupa o primeiro lugar, com 8.250 casos, seguido de colo do útero, com 1.270. Entre os homens, está próstata, com 6.420 casos. Contabilizando homens e mulheres, seguem intestino, com 4000 casos, e pulmão, com 2.990.

Correndo o risco de ser clichê, lembro que cada número desses é a vida de uma pessoa, que estará enfrentando um tratamento oncológico nos próximos anos. Trabalhemos, então, com a prevenção, de preferência personalizada e individualizada, respeitando-se os fatores de riscos a que cada um está exposto.

*André Murad é oncologista, pós-doutor em genética, professor da UFMG e pesquisador. É diretor-executivo na clínica integrada Personal Oncologia de Precisão e Personalizada. Exerce a especialidade há 30 anos, e é um estudioso do câncer, de suas causas (carcinogênese), dos fatores genéticos ligados à sua incidência e das medidas para preveni-lo e diagnosticá-lo precocemente.

Fonte: Portal UAI
 

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