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Inteligência artificial é usada em exames mais precisos contra o câncer no interior de São Paulo

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15/02/2018

 

Uma parceria entre uma startup de Ribeirão Preto (SP) e o Hospital do Câncer de Barretos (SP) promete ampliar a precisão dos diagnósticos e evitar que pacientes com neoplasias sejam submetidos a tratamentos agressivos como radioterapia e cirurgias sem a real necessidade.

Os primeiros projetos desenvolvidos pela Onkos, ainda em fase de testes e validação com uso de amostras de pacientes do centro médico em Barretos, são voltados a tumores na tireoide e na próstata.

Com uso de inteligência artificial, os exames consistem em sistemas de computador que aprendem à medida que recebem novas informações e criam escalas de risco baseadas no material genético das células - os microRNAs - que sofreram as mutações.

Além de melhorar a qualidade de vida das pessoas, diagnósticos mais precisos podem futuramente gerar economia de recursos gastos com cirurgias e tratamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), segundo o CEO da startup, Marcos Santos, biólogo e doutor em oncogenética e biologia molecular.

Hoje há métodos similares disponíveis em países como Estados Unidos e Japão, mas de alto custo e inacessíveis para a maior parte dos pacientes, segundo ele.

"Na oncologia existem várias incertezas diagnósticas, que são respostas que as técnicas atuais utilizadas não conseguem responder, não conseguem dar a informação que o médico precisa. Isso faz com que o médico tome decisões clínicas que eu não posso dizer que são erradas, mas, com a informação que ele tem, muitas vezes opta por um tratamento que o paciente não precisava ter ou opta por uma cirurgia pela qual ele não precisaria passar”, afirma.

Câncer da tireoide

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer da tireoide - glândula localizada no pescoço responsável pela produção de hormônios e pela regulação de diferentes órgãos do corpo - é responsável por até 5% dos tumores malignos em mulheres brasileiras, com média de 5,7 casos para cada cem mil habitantes, e em menos de 2% dos casos no público masculino, com um caso para cem mil habitantes.

Com o método convencional aplicado, que avalia por microscópio as células extraídas por punção do pescoço do paciente, até 80% dos pacientes identificados com tumores indeterminados – que podem ser benignos ou malignos - são levados à cirurgia de extração da glândula sem que realmente precisassem, segundo o presidente da Onkos.

Isso representa, de acordo com estimativas da própria startup, 40 mil procedimentos desnecessários por ano.

"O grande problema é que depois que você tira a glândula de tireoide, o médico que faz a cirurgia tem a glândula toda na mão, aí fica muito fácil ver se aquilo é benigno ou maligno”, diz o CEO.

No novo método desenvolvido, um algoritmo - uma espécie de programa de computador que vai acumulando informações e "aprendendo" aos poucos a reagir de acordo com diferentes situações - consegue interpretar determinadas informações fornecidas pelo material genético do tumor em questão, de modo que seja possível estabelecer uma escala de risco. O material analisado pelo sistema é o mesmo obtido pelo sistema convencional.

"A gente chama de assinatura genética. Esse grupo de moléculas gera uma assinatura genética que se comporta de uma forma no benigno e de outra forma no maligno.”

Diante de um tumor benigno, é possível evitar, por exemplo, a retirada da tireoide e suas implicações, como riscos de lesão nas cordas vocais e a necessidade de reposição hormonal permanente. A precisão do teste para esse tipo de resultado é de 95%, segundo o cirurgião de cabeça e pescoço do Hospital de Câncer de Barretos, Ricardo Gama.

"Se o paciente tem uma tireoide que funciona e você remove toda a tireoide, ele passa a ficar dependente de hormônio da tireoide pro resto da vida. Ele tem que tomar o hormônio tireoidiano, que é comprimido, pro resto da vida, para repor aquele hormônio que não é produzido mais pela ausência da glândula", explica.

Segundo ele, a chance de uma extração na tireoide deixar sequelas na voz é de 3%, mas somente quando os pacientes são atendidos por profissionais habilitados.

"É baixa, mas a gente tem que imaginar que não é todo local do país que tem cirurgião de cabeça e pescoço disponível. A gente tem muitos outros profissionais às vezes não tão habilitados realizando essa cirurgia, cuja incidência de problemas relacionados com a cirurgia, com problemas vocais, pode ser maior."

O projeto, o primeiro desde a criação da startup, em 2015, foi desenvolvido com uso de dados moleculares de 170 pacientes do Hospital de Câncer de Barretos, e está em fase de validação.

A expectativa é de que o exame primeiro chegue ao mercado ao custo de R$ 4 mil – até quatro vezes abaixo dos similares – em março deste ano. A disponibilidade por meio de convênios e pelo SUS, no entanto, ainda depende de trâmites próprios.

"A gente vem trabalhando pra fazer a documentação pra solicitar a entrada do nosso exame no rol da ANS [Agência Nacional de Saúde Suplementar] e depois a gente quer tentar a submissão pra que seja coberto pelo SUS", afirma Santos.

Câncer de próstata

Partindo do mesmo fundamento científico, a parceria entre o hospital em Barretos e a startup de Ribeirão também trabalha em um teste para detectar a real agressividade do câncer de próstata, o segundo mais recorrente entre os homens no Brasil – somente atrás do de pele -, com uma média de 61,82 novos casos para cada cem mil habitantes, segundo o Inca.

Ainda em fase de elaboração, o algoritmo promete identificar células saudáveis, recidivas – com risco de a doença voltar para quem já teve câncer - ou com alto risco de metástase.

Serão colocados em testes dados moleculares de 240 pacientes do hospital nas fases de desenvolvimento e validação, explica o médico oncologista Flávio Cárcano.

"Esse exame vai ser indicado para pacientes com uma doença com potencial de cura ainda, são pacientes diagnosticados com câncer de próstata, que têm a doença localizada na próstata, ou seja, que não se disseminou", explica.

O diagnóstico hoje utilizado também estabelece uma escala de risco, mas é baseado em dados clínicos, de acordo com a extensão do tumor avaliado no exame de toque, o exame do PSA - que avalia a presença do Antígeno Prostático Específico e ainda de acordo com o grau tumoral.

No novo método, a expectativa é de que dados genéticos deem respostas mais exatas entre os pacientes baixo, médio ou alto risco de desenvolver o câncer.

"O que o teste quer trazer é uma ferramenta que possa ser mais acurada em estratificar esse risco, porque mesmo com essa estratificação de risco atual, existem pacientes que, de repente, são de alto risco em um grupo intermediário ou aqueles que são intermediários, mas são de baixo risco", afirma Cárcano.

Fonte: G1

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